9.3.15

A saga do Slalom (Parte 1)

Aviso: Esse post está repleto de oscilações de humor, ódio, amor, esperança, desolação, mas o final é feliz. (eu acho)

A minha relação com o slalom não começou de forma feliz desde a primeira vez que me deparei com o obstáculo quando conduzi o Kadu, da Marcela Françoso, em um match. Nas duas pistas que fiz com ele, não sabia como me posicionar pra mandá-lo pro obstáculo sem que ele errasse a entrada.

Claro, foi a primeira vez que pisei em uma pista de agility; nunca tinha conduzido, mas algo me diz que o slalom já queria me zoar desde aquele dia.

A saga começou quando dei início ao treino de slalom do Java por volta de Outubro do ano passado, quando ele tinha uns 10 meses. Eu havia decidido treinar com o método do canal/corredor, já que parecia ser a melhor opção para o Java na época, pois método do canal envolve muita correria e menos raciocínio do cachorro, inicialmente. Como eu julgava o Java um cão menos motivado, pensei que esse seria o caminho ideal pra nós, mas acabei descobrindo muitas coisas que eu não esperava no meio do caminho...

SOBRE O MÉTODO DO CANAL

A maioria das pessoas que acompanha o blog, os agilitistas  (é assim que fala?), conhecem o método, mas vou explicar um pouco sobre o processo para os outros, que não tem a menor ideia do que estou falando.

Método do Canal
Essa forma de treinar slalom consiste em criar um corredor de varas/canos em sequência para que seu cão aprenda a passar por ele. Conforme o treino avança e o cão entende que precisa ir até o fim do corredor para ganhar sua recompensa, você diminui o espaçamento entre as varas e estreita o corredor gradativamente. Aos poucos, a movimentação em linha reta do cão se torna impossível e faz com que ele busque uma nova mecânica pra passar por esse corredor que, no caso, seria o movimento de zigue-zague.

 Existem vários tipos de slalom criados especialmente para ensinar com esse método, assim como também é possível treinar na grama natural, se utilizar estacas de ferro no chão para segurar os canos.

Além dessas variações do slalom, muitas pessoas utilizam, também, as ajudas ou telas pra evitar que o cão cometa erros durante o treino. Aqui vou comentar o treino sem o uso das ajudas e telas, porque não foi assim que treinei e prefiro falar só sobre o que testei e compartilhar minha experiência como treinadora novata de agility.

Java passando pelo corredor de varas
Prós: O método é defendido por muitos pois cria um valor muito grande pelo obstáculo e ensina o cão a ser rápido logo de cara. Além disso, dizem que ensina naturalmente uma passada muito eficiente para cães grandes ( o single step).

Contras: O cão parece errar menos com o método do canal, principalmente no início, mas também demora mais pra entender a lógica do treino. Como o método ensina o cão a entrar no corredor em velocidade, mega motivado, pode acontecer do cão errar muito a entrada do slalom quando o corredor fica mais estreito, por não ter o critério de entrada tão claro na cabeça ainda.


JAVA E O MÉTODO DO CANAL

Agora, o que realmente interessa: a aplicação do método.

Spoiler Alert: Não rolou.

Já digo de antemão que não acho que soube treinar com esse método. Não culpo o canal pelo verdadeiro desastre que foi treinar o slalom do Java assim.

Quando comecei a treinar com o método do canal, eu estava mais focada em trabalhar os saltos do Java e fundamentos do 2on2off para as zonas de contato. Dessa forma, os treinos de slalom ficaram perdido em meio aos outros treinos. O resultado disso? Fiquei muito tempo com o corredor super aberto e talvez tenha sido isso que tenha ajudado a criar alguns dos pepinos que só cresceram depois, no decorrer dos treinos.

O Java, porém, AMOU o método. Por ele, estaria até agora brincando de corredor. O pintado em questão corria como um míssil, louco para pegar sua bolinha no final da brincadeira. E, sério, quando uso um propulsor bélico, feito para matar, pra definir o que meu cachorro estava fazendo no treino, não é pra fazer graça....

Pepino nº1
O Java decidiu que o objetivo dele era chegar no fim do corredor o mais rápido possível, sem desviar, atropelando todas as varas na frente dele, se enganchando e quebrando elas no meio do caminho. Até hoje não entendo como ele conseguia se manter no corredor quase fechado, correndo e NÃO fazendo o movimento de zigue-zague. Segue o mistério...

Pepino nº2
Não consegui conciliar os treinos de entrada de slalom com o fechamento do corredor, então não conseguíamos avançar da forma esperada. Até cogitei o uso das ajudas, ou mesmo da tela, pra resolver esse problema, mas por alguns motivos (do tipo preguiça) decidi que eu não queria ir atrás pra comprar, nem ter que fazer o fade das ajudas depois.

Pepino nº3
Gambiarras. A verdade é que eu não entendo como outras pessoas com cães maiores conseguem treinar o método do corredor com as varas presas na terra, porque as varas saem voando, abrem, chega a ser bizarro. Era frustrante ter que arrumar o slalom a cada vez que o Java passava, ou mesmo repor algum cano quebrado. Ele aprendeu a empurrar as varas e isso não foi nada produtivo pro treino, nem pro meu bolso! (y)

CONCLUSÃO SOBRE O  MÉTODO DO CANAL

Nenhuma. haha Não desgosto do método, acho que só tive má sorte de não saber treinar no ritmo que deveria e não consegui lidar com os pepinos que surgiram. Eu não sou do tipo que defende religiosamente uma técnica ou uma forma de pensar; gosto de testar as coisas e adaptar. Só porque não funcionou pra mim, com o Java, não quer dizer que não vá funcionar com outros cães e condutores.Eu tentaria de novo o método do canal com outro cão. Talvez tenha faltado o equipamento certo, a percepção pra saber como progredir.

Eu subjuguei o Java. Pensei que ele precisava correr a qualquer custo e pensar menos, mas esse foi o nosso maior erro ao abordar o método, já que ele se mostrou um verdadeiro destruidor de slalom. Admito que, por trás da frustração de não ver o treino evoluir, a cada vara que ele quebrava, algo quase primitivo dentro de mim se manifestava e me fazia amar o Java, porque a bem da verdade era que eu queria triturar o slalom, queimar numa pilha e dançar ao redor, como num ritual de desapego.

No vídeo abaixo: o Java faz a passada, começa a oferecer um pouco da movimentação esperada, mas logo desanda e ele volta a atropelar as varas. Depois desse treino, os atropelamentos aumentaram e ele até chegou a pular o slalom. Foi aí que bateu mais forte o sentimento de " Oh Shit!"

E, vai saber, quem sabe se eu tivesse insistido, tivesse saído? Eu não estava com disposição emocional pra descobrir. Eu precisava de algo novo, que me desse esperanças de que, um dia, o meu querido marrom com pintas viria a saber slalom.

E foi aí que eu mudei de método e fui atrás do 2x2 da Susan Garret, um método completamente oposto ao do corredor e que muita gente critica.

Foram outros desafios, também não foi fácil, mas todo o treino do 2x2 fica pro próximo post, porque esse já ficou longo demais e ainda tem muito pra falar e pessoas pra citar.

Spoiler Alert: Deu certo.



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3 comentários:

  1. Massa esse post. Muito bom. Eu uso um misto de métodos que no final acabam se complementando, inclusive esse do canal, que eu chamo de corredor, sei-lá.

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    1. Verdade, Fabi! Acho que o misto de métodos acaba sendo necessário para alguns cães. Tenho certeza que, de alguma forma, eu ter passado pelo método do corredor primeiro, ajudou pra treinar com o 2x2. Brigada por passar por aqui! :)

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  2. Ótimo post. São diversos métodos, resposta de cada cão, recursos disponíveis, tempo de treino e de resposta, enfim... variáveis.
    Parabéns!

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